Fluxo de trabalho: Filmagem de campeonatos esportivos

Fluxo de trabalho- Filmagem de campeonatos esportivos
Fluxo de trabalho- Filmagem de campeonatos esportivos

Ultimamente tenho feito alguns pequenos trabalhos aqui e ali de filmagem e edição de vídeos e acabo criando alguns fluxos para me organizar para cada tipo de produção. Conversando com algumas pessoas sobre isso durante um workshop de produção de vídeo que assisti recentemente acabei contando sobre um evento de três dias no qual fiz 230 vídeos no esquema Same Day Edit (filmar, editar e entregar durante o evento).

Alguns deles me perguntaram como foi possível, então hoje vou listar aqui como foi meu fluxo de trabalho para poder fazer isso. Bolei este fluxo porque na primeira vez que realizei este tipo de produção acabei trabalhando dias depois do evento para entregar os vídeos. Com este fluxo ao final do campeonato eu estava com tudo pronto e entregue, foi só recolher o equipamento e sair com o dever cumprido.

Deixo claro que esta é a maneira que eu fiz, não quer dizer que seja a mais correta ou a única, também não significa que funcionará para todas as situações. Mas acredito que sirva de ajuda para quem está planejando fazer algo nesta linha. Vamos lá:

ATUALIZAÇÃO: No final de semana passado (20, 21 e 22 de Setembro – 2019) botei novamente este fluxo à prova. Agora com um pouco mais de prática após treinar mais a sua execução consegui produzir 230 vídeos (a primeira vez que testei este fluxo foram 80 vídeos) além de também ter sobrado tempo para gravar alguns depoimentos, ou seja, funcionou muito bem.

Pré-edição

Primeira parte e uma das mais importantes, sem ela dificilmente a próxima etapa seria possível. Para este evento a ideia era filmar as apresentações de diversos patinadores artísticos (funciona para outros esportes também) e entregar para cada um deles e/ou seus pais. Sendo assim o trabalho de um vídeo seria igual a todos os outros. Meus passos na pré-produção foram:

Criar os motions (animações) de abertura do vídeo e de encerramento antes e deixar prontos. Estes motions já deixo em uma timeline sobre algum vídeo de teste. Lá na frente, na etapa de produção este passo será muito útil. Nunca deixo isso para fazer no mesmo dia se a idéia é entregar durante o evento que estiver trabalhando. No meu caso foi utilizando o Final Cut Pro X, mas você pode usar Premiere, DaVinci Resolve ou qualquer outro de sua escolha.

Organizar as pastas de armazenamento do material a ser captado no computador ou drive externo. Normalmente eu já deixo pronto uma pasta para cada atleta/equipe contendo dentro desta uma outra pasta para as brutas (as filmagens captadas ainda sem tratamento) e outra para o vídeo finalizado.

Liberar espaço de armazenamento. É algo óbvio mas já vi muita gente esquecer disso e ficar perdido na hora do trabalho. Faço isso não apenas onde irei guardar os vídeos, mas também no cartão de memória da câmera ou no smartphone que irei utilizar (maioria das vezes vou de smartphone mesmo).

Testar setup. Não adianta ter o melhor equipamento do mundo se ele não funcionar na hora da gravação. Nunca, mas nunca mesmo, deixo de testar tudo que irei levar. Normalmente faço este teste duas vezes, uma em casa e outra no set de filmagem.

Conhecer o set. Este passo serve para me programar previamente. Alguns dias antes tento ir ao local onde irei filmar para conhecer melhor o ambiente, procurar um bom ângulo, tomadas… Isso serve para não chegar no dia e ser surpreendido.

Produção e pós durante o trabalho

Durante o dia das filmagens vem a parte corrida. Aqui é o que chamam de “guerrilha” pois é hora de ficar atento à lista de entrada dos atletas, filmar, transferir, editar, renderizar e entregar. Geralmente vai alguém também filmar como backup para o caso de acabar perdendo a entrada de algum atleta.

Filmagem. Uso o aplicativo Filmic Pro no iPhone, geralmente com alguma lente (review em breve). No Filmic Pro anoto antes de filmar o nome do atleta e a modalidade que vai competir. Para isso há nas configurações o recurso CMS, nele há campos para estas anotações. Assim, quando exportar o vídeo já tenho no arquivo estas informações, o que agiliza bastante na hora de escolher o vídeo para editar.

Transferência. Como já deixo o iPhone plugado via cabo com o computador a transferência é bem rápida. Basta deixar o iTunes aberto já na tela de conexão com o smartphone, “Compartilhamento de Arquivos” e “Filmic Pro” selecionado. Na tela irão aparecer todos os arquivos dos vídeos que estiverem prontos. Daí é só transferir para a pasta correspondente já pronta lá na etapa de pré-edição.

Edição. Com o vídeo já transferido carrego-o no Final Cut Pro X para dentro da timeline (aquela que citei na etapa de criação de motions lá atrás) substituindo o vídeo anterior. Assim já tenho o novo vídeo praticamente pronto, basta ajustar o áudio, alguma correção de luz ou cor, nome no motion caso tenha… tudo precisa ser muito rápido pois esta parte de edição deve ser feita entre a saída de um atleta na pista e a entrada do próximo, ou em qualquer outro intervalo.

Dica – Liberar espaço e memória: Cabem aqui duas dicas importantes já que a ideia é entregar tudo no mesmo dia. Não sei como é nos outros programas mas é bom procurar esta informação neles caso seja necessária. No Final Cut Pro X há um recurso interessante que ajuda a liberar espaço no computador. Clique em “File”, “Delete Generated Event Files…”, selecione “Delete Render Files” e “All”. Isso vai liberar muito espaço em disco. Já a memória do computador eu utilizo o programa CleanMyMac e dou um comando nele para “Liberar memória”.

Renderização. Aqui vai um pequeno truque que uso para agilizar ainda mais. Quando termina a edição de um vídeo é preciso renderizá-lo (finalizar e gerar o arquivo). Se eu for fazer diretamente no programa de edição ele ficará ocupado com isso. Então entra em cena o Compressor. Este programa é também desenvolvido pela Apple para trabalhar com seu editor de vídeo. De dentro do Final Cut Pro X mando para o Compressor e digo quais as configurações e a pasta de destino quero para o arquivo final e ele ficará por conta disso. Mesmo que eu envie algum outro vídeo e ele ainda não tenha terminado o anterior não há problema, vai para uma fila de renderização. Com isso posso continuar editando enquanto o processo de renderização ocorre em paralelo.

Entrega. Aqui entra outro membro importante da equipe, o logger. Quando termina cada renderização copio para ele o arquivo para que faça a organização em outro computador que está destinado para mostrar os vídeos e fazer a entrega final. É o logger que vai cuidar desta parte e realizar a entrega da melhor maneira para o cliente, seja ela via pendrive, nuvem ou o que quer que seja. Eu fico com a parte de captação do vídeo e edição apenas, não me preocupo com atender os clientes. Acreditem, a entrega e atendimento toma muito tempo, portanto o logger é uma figura de suma importância.

Então é isso. Eu sei que lendo todas estas dicas parece tudo muito trabalhoso e que vai complicar o trabalho. Mas acredite, faço isso tudo quase que automaticamente durante as gravações. Com treino e repetindo várias vezes acaba sendo mais simples do que se imagina. Criei este fluxo para mim e foi com ele que consegui fazer 80 230 vídeos de ponta a ponta (captar, transferir, editar, renderizar e entregar…) no esquema Same Day Edit.

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