Minha mudança para o “pós-TV”

Minha mudança para o “pós-TV”
Minha mudança para o “pós-TV”

 

 Outro dia recebi a visita de um amigo que durante uma conversa me perguntou se meus filhos já haviam assistido a um determinado desenho na TV à cabo. Confirmei que já haviam assistido mas não na TV à cabo porque não temos assinatura há vários anos. Passados alguns segundos onde ele parecia estar em “loading…” veio a pergunta: “Então vocês só assistem a programação aberta?”. O mais engraçado foi perceber a expressão de “Ué?” dele quando respondi que também não assistimos isso.

Essa é uma situação até que corriqueira lá em casa para as pessoas que não sabem de certos hábitos meus. Me afastei totalmente da TV aberta e hoje consigo ficar alheio à programação tão cultural e educativa que temos à nossa disposição (Big Brother Brasil, Faustão, Esquenta, Zorra Total, novelas e outras maravilhas).

Nisso mudei também minha forma de consumir entretenimento (filmes, séries, desenhos, programação esportiva…) desde que resolvi tornar esse aspecto um pouco mais minimalista. Antigamente era um consumidor exagerado de mídias físicas. Eram Terabytes de espaço para filmes, somados a centenas (literalmente) de DVDs.

Quando chegou ao ponto de não ter mais aonde guardar tanta coisa resolvi mudar, dar um basta nisso e procurar outra solução. Até pensei em voltar a ter uma assinatura de TV à cabo mas a quantidade de canais irrelevantes, o valor cobrado e todo o tempo de propagandas nas programações me afastaram desta idéia. Já tentaram algo simples como assistir um desenho com seus filhos? É irritante como inserem propaganda de brinquedo até no meio do desenho! Propaganda de assinatura da operadora de TV dentro da programação. Pô, se já estou assistindo é porque assinei certo? Ainda penso que se é um serviço por assinatura não deveria ter propagandas. Enfim, não dá.

Foi quando comecei a me interessar pelo streaming. Neste embalo testei o Cennarium (teatro online) ligando o computador à TV (ainda não existiam smartTVs), adquiri um Apple TV e comecei a testar outros serviços como Netflix e iTunes para filmes.

Programação esportiva via streaming é um ponto um tanto problemático ainda por não haver alguma alternativa boa aqui no Brasil. Há o Esporte Interativo, mas ainda conta quase que apenas com futebol (e umas pitadas de MMA/WWE). Eu até que me viro bem já que gosto de outros esportes não tão convencionais por aqui (Hockey, Futebol americano…) que possuem alternativas no Apple TV. Minha esposa é que sofre um pouco pois vôlei, natação (esportes que ela gosta) e notícias estão ainda presos às emissoras convencionais. Aliás, ela é a única que ainda assiste TV lá em casa.

Fato é que nesta mudança acabei influenciando meus filhos. Eles assistem muita coisa entre desenhos, filmes e séries, mas nada vindo das emissoras de TV. A facilidade com que eles tem em manusear o Apple TV e escolher o que assistir impressiona. O uso é basicamente de Netflix para a “programação de catálogo” e iTunes para as novidades. Ultimamente até essa questão de ser “catálogo” está mudando no Netflix com a chegada de muito conteúdo atual. Discovery Kids? Cartoon Network? Só na casa dos meus pais ou em hotéis durante alguma viagem.

Um lado “engraçado” são as tentativas das operadoras de TV à cabo para vender contratos lá para casa. Oferecem centenas de canais (quase tudo porcaria) recheados de propaganda e a preços bem altos como se fosse um grande negócio para minha família. Uma vendedora já chegou ao ponto de me criticar quando soube que opto pelo Netflix. É mole?

Vejo gente comentando sobre, finalmente, o fim da transmissão analógica da TV aberta e que será tudo digital no Brasil em alguns meses. De que adianta mudar a forma de transmissão se continuarem pensando e trabalhando da mesma forma?

Quero ver como será, no futuro, a interação dos meus filhos com os conteúdos de entretenimento. Acredito que para eles a coisa será bem diferente do que foi para mim, e muito mais do que foi para os meus pais. Ter de se programar para um dia e horário certo poder assistir a um programa caso contrário irá perdê-lo? Esperar até a semana seguinte para saber como será o próximo episódio da série? Não vejo mais isso dando certo para a nova geração.

Sei que ainda não é uma realidade para a grande maioria das pessoas, mas vejo essa mudança acontecer com várias pessoas ao redor. Ou vocês acham que é à toa que as TVs à cabo estão implementando algo como o “Now”, ou mesmo emissoras “globais” disponibilizando programação on-line? A TV como conhecemos hoje deve se reinventar e mudar bastante. É isso ou irá dar o braço para as mídias físicas da música ou aos livros e jornais impressos e ficar no passado.

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