Como escolher cartões de memória para câmeras 360º

Como escolher cartões de memória para câmeras 360º
Como escolher cartões de memória para câmeras 360º

Cartões de memória… itens quase minúsculos hoje em dia mas extremamente necessários para quem produz conteúdos na área do audiovisual. Todas as câmeras necessitam deles (em formatos diferentes, mas todas precisam) e quanto maior o espaço melhor. É isso. 

Espera um pouco, é só isso mesmo, basta ter mais capacidade e pronto? Já pode sair filmando e/ou fotografando? Claro que não, e dependendo de que tipo de equipamento você vai utilizar e de que tipo de produção irá realizar, a escolha de um cartão de memória pode ser bem mais complexa. Em se tratando de produções em 360º então, que é o foco deste post, espaço é apenas um detalhe a se observar na hora de adquirir um cartão de memória.

Para começar a explicar acredito que seja necessário antes entender o que significam todas aquelas letrinhas minúsculas na etiqueta dos cartões só então ficará mais claro o que levar em consideração na hora de escolher o melhor para as suas fotos e vídeos em 360º. Confiram na imagem abaixo as marcações e depois dela o que significam:

Descrições dos cartões de memória
Descrições dos cartões de memória

1 – Modelo:

Hoje é fácil encontrar os modelos SD, SDHC e SDXC. Estas nomenclaturas determinam a formatação e também a capacidade de armazenamento por arquivo. Os dois últimos são os que permitem maior armazenamento de dados.

  • SD – Suporta apenas até 2GB e utiliza os sistemas FAT 12 e FAT 16. Esqueça este tipo para conteúdos em 360º.
  • SDHC – Suporta até 32GB e utiliza o sistema FAT 32, um padrão ok para 360º.
  • SDXC – Aqui fica mais interessante para quem trabalha com 360º. Suporta de 2TB e formata em exFAT.

2 – Classe:

Aqui é a velocidade de gravação sequencial. Normalmente será apresentado com uma letra C e um número dentro dela. As velocidades suportadas por cada classe são: 

  • Classe 2 – Suporta até 2MB/s de gravação sequencial mínima
  • Classe 4 – Suporta até 4 MB/s de gravação sequencial mínima
  • Classe 6 – Suporta até 6 MB/s de gravação sequencial mínima
  • Classe 10 – Suporta até 10 MB/s de gravação sequencial mínima

Existem também duas classificações que são exclusivas dos cartões do modo UHS (detalhes mais abaixo):

  • U1: 10 MB/s de velocidade de gravação sequencial mínima;
  • U3: 30 MB/s de velocidade de gravação sequencial mínima.

Normalmente quem vai gravar um vídeo tradicional em fullHD deve optar por pelo menos uma classe 6, mas no mundo do 360º isso é pouco. Aqui estamos falando de fotografias e filmagens com muito mais peso.

3 – APP Class:

É uma marcação para mostrar que o cartão foi feito para abrir aplicativos com maior velocidade em smartphones. A1 é rápido nisso mas a A2 é 3 vezes mais. No foco do 360º aqui este dado não faz diferença já que não é o caso de uso de aplicativos rodando no cartão, mas fica como curiosidade.

4 – Classe V:

Classe criada para mostrar qual a velocidade de gravação e transferência em MB/s. É esta uma das principais informações que você precisa ficar de olho ao escolher o seu cartão para produção de conteúdos em 360º.

Esta informação, criada pela SD Association, é mostrada com um V seguido de um número, quanto maior melhor, mas não exagere. Você pode acabar gastando mais sem necessidade.

  • V6 – Velocidade de gravação de vídeo de até 6MB/s. Indicado para vídeos standard.
  • V10 – Velocidade de gravação de vídeo de até 10MB/s. Indicado para vídeos até FullHD.
  • V30 – Velocidade de gravação de vídeo de até 30MB/s. Indicado para vídeos até 4K.
  • V60 – Velocidade de gravação de vídeo de até 60MB/s. Indicado para vídeos até 8K.
  • V90 – Velocidade de gravação de vídeo de até 90MB/s. Indicado para vídeos até 8K.

É apenas uma referência, a própria SD Association diz que isso pode variar de acordo com o seu dispositivo. Mas serve para ver que se você tem uma câmera que não passa dos 4k é jogar dinheiro fora gastando com um cartão V90 ou o contrário, não vá comprar um V6 ou V10 se seu foco é 360º de qualidade.

5 – Modo UHS:

Define a velocidade máxima de comunicação entre o cartão de memória e sua câmera.

  • Normal Speed: 12,5 MB/s de taxa de transferência máxima;
  • High Speed: 25 MB/s de taxa de transferência máxima;
  • UHS-I: 50 MB/s ou 104 MB/s de taxa de transferência máxima;
  • UHS-II: 156 MB/s ou 312 MB/s de taxa de transferência máxima.

Para facilitar (ou complicar?) mais as coisas:

  • Normal Speed: Cartões Classe 2, 4 e 6;
  • High Speed: mínimo Cartões Classe 10;
  • UHS-I e UHS-II: Cartões UHS 1UHS 3 (redundante mas é isso).

Que confusão!

Sim, é um tanto confuso para quem não está acostumado com estas informações (na verdade para qualquer um) mas é bom ter pelo menos uma noção disso tudo para escolher corretamente o cartão de memória para a sua câmera 360º.

Sem ter pelo menos um pouco de conhecimento você pode acabar comprando um que vai além do que precisa, consequentemente gastando mais sem necessidade, ou o que é pior, gastar em um cartão que não vai lhe atender da melhor maneira e ter de comprar outro posteriormente. Os cartões não fazem seu dispositivo gravar mais rápido do indicado pelo fabricante de sua câmera, então adquira um que esteja dentro da especificação para seu equipamento.

Como eu disse antes, todas essas informações acima são apenas para referência e entendimento do que cada detalhe significa. A melhor coisa a se fazer para escolher corretamente um cartão de memória para a sua câmera 360º é consultar as informações do fabricante do seu equipamento. Basta entrar no site de cada um que você encontrará as configurações mínimas e máximas para cada modelo.

Como eu sei que estas informações não são tão fáceis de encontrar (estou falando com você GoPro) vou deixar aqui as das principais câmeras de entrada do mercado com suas capacidades máximas para uso de cartões de memória:

  • Mi Sphere: Cartão Classe 10 para foto, U3 para gravação de vídeos e com capacidade de armazenamento máximo de 128GB.
  • Insta360 One: Cartão UHS-I, V30 ou U3, SDXC exFAT(FAT64) com capacidade de armazenamento máximo de 128GB.
  • GOPro Max: Cartão UHS-I, V30 ou U3, SDXC exFAT(FAT64) com capacidade de armazenamento máximo de 128GB.
  • Insta360 One R e Insta360 One X: Cartão UHS-I, V30 ou U3, SDXC exFAT(FAT64) com capacidade de armazenamento máximo de 256GB.
  • QooCam 8K: Cartão UHS-I, V30 ou U3, SDXC exFAT(FAT64) com capacidade de armazenamento máximo de 256GB.

Enquanto procurava as informações sobre as câmeras acima me deparei com a Insta360 Titan, com seus incríveis 11K de resolução. Vou citar aqui apenas a título de curiosidade para ver como trabalha uma câmera realmente profissional de 360º. Ela funciona com 9 cartões ao mesmo tempo na especificação mais alta que você encontrar.

Autonomia em câmeras 360º

Falando em capacidade, lembra que falei que os arquivos produzidos em 360º são grandes? Sendo assim ainda há uma pergunta a ser respondida: Quantos minutos de vídeo é possível fazer com um cartão de memória em uma câmera 360º? 

Isso pode variar conforme as condições do ambiente a ser gravado, da câmera, da resolução utilizada e outros detalhes. Então para ter ideia mais aproximada vou pegar as informações publicadas pela fabricante da Insta360 One R, para exemplificar. Utilizando a lente 360º de 5.7k é possível chegar até teóricos 172 minutos de gravação. Na prática nunca dá para alcançar o valor informado, pelo que tenho testado eu acredito que isso deva cair para uns 160 minutos no máximo.

Só para poder comparar vou pegar os dados da QooCam 8K que tem uma capacidade maior de resolução. Com um mesmo cartão de 128GB ela consegue gravar até teóricos 85 minutos, o que na prática cai para uns 65, 70 minutos.

A grosso modo, se um cartão de 128GB consegue gravar nos tempos acima, você pode ter uma ideia de qual é a autonomia de gravação em cartões de diferentes capacidades. Na Insta360 One R um cartão de 64GB cai para aproximadamente 80 minutos, 32GB dá uns 40 minutos e assim por diante. Como eu disse, isso são dados aproximados que podem variar de acordo com outros fatores na hora da gravação.

É muito tempo não? Não, não é. Lembre-se, estou falando de produção em 360º que tem diversos fatores a considerar. Mas isso deixo para um outro post que publiquei aqui no site. Leia em “Dicas básicas para gravação de vídeos em 360º” a parte sobre “Filme mais do que precisa”.

Resumo

Ok, é muita informação até aqui eu sei. Mas com toda essa informação deu para ver que a vida de um fotógrafo/vidoemaker 360º não é só apertar o Rec, não é tão simples assim. Mas para resumir falei neste post vou dizer o que EU fico de olho na hora de escolher os meus cartões de memória para produzir 360º:

  • Modelo: Como isso me diz o tamanho máximo dos arquivos, e vídeos em 360º geram arquivos bem grandes, fico entre o SDHC e o SDXC, de preferência o último.
  • Classe: Sempre 10, nunca abaixo disso.
  • APP Class: Não faz grande diferença aqui já que não é preciso preocupar com aplicativos rodando no cartão.
  • Classe V: V30 independentemente para qual das minhas câmeras. Hoje não preciso de um V60 ou V90.
  • Modo UHS: O UHS-I já atende muito bem por ter uma boa taxa de transferência. 
  • U1 ou U3: Depende para qual câmera vou usar. Na Mi Sphere, que tem uma configuração mais leve, eu uso um U1 e tenho ótimos resultados. Já na Insta360 One R que tem uma configuração mais parruda vou de U3.
  • Capacidade: Pelo menos de 64GB, mas lembrando que isso pode ser pouco caso vá produzir vídeos em 360º. Melhor que seja maior do que isso indo até o limite da câmera.

Minha escolha

Com tudo isso em mente acredito que já dá para ter uma boa ideia de como escolher o melhor cartão de memória. No meu caso, hoje eu trabalho com dois cartões que têm me atendido muito bem em minhas produções e nenhum deles me apresentou qualquer tipo de problema: 

  • Sandisk Extreme SDXC, UHS-I, U3, A1 de 64GB que fica na Xiaomi Mi Sphere 
  • Sandisk Extreme Pro SDXC UHS-I, U3, A2 de 128GB que vai na Insta360 One R.

Este Extreme Pro de 128GB que estou utilizando recentemente foi gentilmente fornecido pela Sandisk Brasil e caiu como uma luva na Insta360 One R. Com ele a minha autonomia de gravação aumentou consideravelmente e vai facilitar muito o trabalho. Ele diminuirá bastante a quantidade de vezes em que é preciso parar para descarregar o material captado. 

Isso por si só já me faz ganhar muito tempo. Com o de 64GB que eu utilizava as vezes era preciso parar no meio de uma produção para descarregar tudo, agora tenho o dobro de tempo para continuar gravando. Então deixo aqui meu agradecimento à Sandisk Brasil por este cartão de memória.

Antes de concluir, fica a recomendação mais básica de todas: NUNCA utilize cartões de memória xing-lings ou falsificados em suas produções. Seja qual a marca você escolher confira no site do fabricante se ele é verdadeiro. Não dá para deixar o cliente esperando resolver um cartão travando ou pior, perder o material porque seu cartão estragou. Optar por cartões baratinhos, desses que tem em que “la garantia soy jo” não pega bem para um profissional.


Obs: Este conteúdo é amostra do que irá encontrar no livro Produção de conteúdos em 360º, o maior conteúdo em língua portuguesa sobre o assunto. Confira aqui.

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